terça-feira, 27 de setembro de 2011

Tapete redondo - arraiolo

Olá amigos!

A vida é uma tapeçaria que elaboramos, enquanto somos urdidos dentro dela. Aqui e ali podemos escolher alguns fios, um tom, a espessura certa, ou até colaborar no desenho. Linhas de bordado podem ser cordas que amarram ou rédeas que se deixam manejar: nem sempre compreendemos a hora certa ou o jeito de as segurarmos. Nem todos somos bons condutores; ou não nos explicaram direito qual o desenho a seguir, nem qual a dose de liberdade que podíamos – com todos os riscos – assumir. Em quartos, corredores e salas, secreto e trivial escorrem misturados entre pais e filhos, morte e nascimento, rancores e amor.  Casas são muito importantes para mim. É nelas que o fio passa de mão em mão, brotando das mulheres que mal se dão conta do indizível em seus ventres. Nas casas lançam raiz futuras lembranças que, somando-se ao que já trazemos ao nascer, vão nos deixar mais fortes ou mais vulneráveis. A vida tem muitos aposentos, e “no quarto dos fundos senta-se a alma solitária a espera de passos que não chegam nunca” (E. Wharton). (Lya Luft)